CRIANÇAS

CRIANÇAS

CRIANÇAS 942 960 Renata Barcelos - Yemojagbemi Omitanmole Arike

A habilidade e a espiritualidade do mais novo respeitada! Seguindo.. MEUS aprendizados em terra yoruba…

A participação dos mais novos dentro do culto Orisa é algo que despertou meu repensar, sobre humildade, sobre arrogância, sobre o valor de alguém que está aprendendo de forma a incentivar, do existir menos coronéis donos da verdade e mais trabalho conjunto com aquele que chegou agora.

Tive o prazer muitas vezes de ver o mais velho se calar para ouvir os mais novos, muitas vezes chamados para ajudar no ebo, em alguns lugares existia até uma mine disputa entre os pequenos para quem ficava ali mais disponível para ser chamado.

Vi os mais velhos incentivarem a boa memória, caso uma falhada na hora de recitar os versos, eles ajudavam a relembrar, vi mais velhos ao final não questionarem o poder de escolha do pequeno, pelo verso escolhido por ele. Em um caso específico um garotinho de 3 anos de idade participou de uma consulta de erindilogun recitando um verso de um odu – para ser interpretado pelos demais. Em outras ocasiões as crianças chamadas para invocar o Orisa recitando o Oriki.. ❤️

Não é que viajei e conheci tudo não! é que aquilo que não vi ainda não posso contar, o que vi estou contando..aproveitei muito meu tempo e com pessoas que me ajudaram a ter a melhor experiência possível durante minha estadia lá! E aconselho: se está gostando vá também!.. vou adorar ler suas histórias, quanto mais gente melhor! Que todos tenham muitas experiências e possam compartilhar! seguindo também a”vibe” não ser melhor que ninguém… o que vi nas comunidades da cidade de Oyo foi a falta de interesse por Ego, falta de interesse por dizer o quanto é melhor que outro, vi a total falta de interesse em se auto promover, vi a total falta de interesse em humilhar alguém com menos conhecimento, vi um povo comunitário que melhor senso é compartilhar conhecimento, vi um povo interessado em se reunir para ajudar alguém.. vi preocupação real! claro cobram, mas algo bastante justo na maioria das vezes! e é prática interna eles também cobram entre eles.

E aí digo se uma onda de humildade não te abate sendo estrangeiro ocidental voltando de lá, não sei mesmo o que terá resultado- se não volta uma pessoa melhor não sei o que precisará! não tem nada a ver com luxo ou pobreza, tem relação com olhar para o novo e ver que ele é futuro e é quem lembrará seu nome. Tem relação com trabalho comunitário e não um ser melhor que o outro, tem relação em ver a criança trabalhar com idoso.

E calma sem ser conto de fadas, tirando a parte ali religiosa.. as crianças são atentadas! E aí não resta muita paciência! o chinelo, os cascudos os bufetes correm viu.. e o chororo também.. cultura cultura..

e assim voltei entendendo que a boa palavra pode vir de quem não teve idade bastante para aprender tudo na vida, voltei entendendo que todos no ambiente religioso podem contribuir e que são”usados” para trazer a melhor solução para o problema de alguém. mas fazem de forma pura e não em competição para saber quem tem mais habilidade espiritual, quem tem mais intuição, quem é o” mais escolhido”.

Em tempo: quando digo sobre os mais novos ajudarem isso não significa que não estão sendo treinados