Mais um daqueles dias que senhor Flávio de Paula falou: vai ter balada hoje à noite vamos? E minha resposta foi: pq não?
Fomos então eu Flávio, Daaaree, Mr. Wale, Mr. Kola em uma das vilas familiares de Sango, por um labirinto chegamos até as barracas que estavam montadas, caixas de som e microfones, passamos por todas as pessoas até darmos de cara com um templo de Sango – gente parece ficção, mas não é! Um templo lindo paredes já desbotadas do vermelho, desenhos na parede, tinham a mesma característica do templo do palácio do Alaafin, e também um que fica em Koso – eu definitivamente quero um templo destes para mim – queria embrulhar e colocar na mala (#nãofaçajugamento) a entrada apertada lembro de ter batido a cabeça (normal!), entramos então para ver o Sango daquela família, as Edun ara no chão, com folhas que faziam apoio, tinham recebido eje, se via muitos Orogbo, o sere, o ose.
Bem rápido em Oyo eu aprendi a identificar a energia de cada Orisa, Sango faz parecer que seu coração está sendo pinicado da uma certa euforia e sim da calor! não gente eu não fazia uma sessão de concentração para sentir, simplesmente entrava nos locais e era quase instantânea as sensações chegando, lindo mesmo ver um Orisa ali sendo cultuado por uma família antiga.
Já disse antes, na época de Agosto onde acontece o Festival de Sango, muitas casas de Orisa tem suas festas particulares em suas vilas e é aí que estávamos nos metendo! Kabiyesi!!!! em Oyo ou você se apaixona por Sango ou melhor deixar a cidade, por onde anda se prestar bem atenção vai ver uma referência um Ose (machada dupla) pintada na parede.. nem que for no final da rua.
Aí tá legal o áudio está ficando longo – passando de 5 minutos (ainda bem que estou escrevendo pegou a piada?)
Tá fomos lá cumprimentamos o Sango da casa, e nos colocaram ali em um local para sentar e aproveitar a festa, logo também fomos apresentados para sacerdotes mais velhos, eles já ficavam um pouco mais distante do público.. achamos alguém para fazer um Gele top! e assim começou parece meio morno mas espera porque pega fogo, algo que chama atenção de cara, diferente de outros Orisa onde a comunidade dançava junto desta vez estava como quase para um show individual.
Os Ilu (atabaques) tocavam em ritmo frenético Bata, hora ou outra alguém recitava Oriki e cantava uma canção, um a um pegava o pedaço de pano e se colocava a dançar, antes de irem ao centro passavam o pano para outras pessoas, esperando que alguém reivindicasse a vez… acompanha comigo: pouco a pouco, não se sabia mais quem estava conduzindo o que, se eram os passos de quem estava dançando que conduzia o ilu ou se os ilu conduziam os passos de dança, os movimentos que se via eram totalmente espontâneos nos levava junto à acreditar que os dançarinos entravam em uma espécie de transe! Hora que me contaram que eles podem verdadeiramente serem possuídos por Sango.. e talvez por essa razão quando se via que estavam bastante agitados alguém aprecia como para acalmar a pessoa que estava ali dançando. É hipnótico acompanhar os pés do povo de Sango dançando Bata. É hipnótico ouvir o ilu tocar! Lembro também eu Flávio olhávamos um para cara do outro desconcertados, quando do nada o povo de Sango falava algumas coisas.. como se tivesse chegado em uma parte da canção que todos conheciam.. ou oi como? O ilu toca totalmente descompassado não parece ter uma ordem padrão, ainda que não entenda nada de instrumentos… para eles estavam em uma festa, e nós rapidamente entendemos que aquele entretenimento tem um caráter religioso forte – ilu, passos de dança, bata, sango, todos acompanhando e em momentos específicos falando frases de Sango. Oriki hora ou outra era entoado, alguém disputava depois o microfone para cantar mais uma canção de Sango.
E assim fomos embora, com a certeza que presenciamos algo antigo, talvez sem os microfones e caixas de som no passado, sem as luzes e barracas de plástico, escolhiam a maior parte do tempo o relento, estávamos diante da cultura, tradição, diante do povo de Sango e no vilarejo de uma das famílias de Sango em Oyo a terra deste Orisa! A sensação foi a de: que bom que vimos isso!